quinta-feira, 28 de maio de 2009

Realidade pouco doce


José Padilha parece ter se intitulado porta-voz da violência. Depois de Ônibus 174 (2002) e Tropa de Elite (2008), o diretor acaba de lançar o documentário Garapa. O filme, que estreia dia 29, sexta-feira, mostra a história de três famílias do Ceará: uma do subúrbio da capital Fortaleza, outra de uma pequena vila do interior e a terceira da região do Agreste. Três localidades diferentes, uma coisa em comum: a fome disfarçada com o consumo de garapa, que é um suco de água com açúcar. Apenas.

Em debate promovido após a apresentação do documentário, no dia 18 de maio, em São Paulo, Padilha citou dado da ONU de que 960 milhões de pessoas passam fome no mundo. E uma das formas que os brasileiros inclusos nessa lista encontram para amenizar a fome é consumindo apenas açúcar. “É a forma mais barata de se obter caloria”, explica o diretor. O resultado, claro, são crianças e adultos subnutridos, com problemas como obesidade e cárie. “Registrei o cotidiano de apenas três famílias de um mesmo Estado, mas posso dizer que elas são exemplares de uma situação mundial”, afirma José Padilha, que filmou tudo em preto e branco, para, na ausência de cores, o espectador ter a sensação de pobreza e de que “está faltando algo”.

Garapa é um daqueles filmes que tocam e que estimulam a reflexão sobre distribuição de renda, o compromisso dos políticos para com seus representados e também sobre até que ponto eu e você não temos a ver com cada pessoa que passa fome seja numa megalópole como São Paulo seja num pequeno vilarejo africano. É como reforçou Padilha, esse cenário só muda com a conscientização de que a fome é um problema de todos.

Mais do que sessões de tortura com saco plástico envolto da cabeça ou um assalto a um ônibus com um infeliz desfecho, Garapa mostra uma violência que massacra, dia após dia, homens, mulheres, velhos e crianças há 510 anos no Brasil. E o pior, bem às claras, pra quem quiser ver.

Cumprimentos iniciais

Como primeiro post, quero dar boas vindas a todos os meus leitores e leitoras. Dizer que este canto será reservado para registrar tudo o que não passou despercebido por mim nessa Odisséia que eu chamo de vivência. E para isso, escreverei em dois blogs. Em um, que ainda está em construção, eu e o Alexandre postaremos tudo sobre nossos aprendizados domésticos e pessoais relacionados à mudança para São Paulo. O outro é este: Blog da Leandra Lima, no qual colocarei minhas observações sobre assuntos diversos. Deixando um pouco a modéstia, que muitas vezes me atrapalha, garanto que me esforçarei pra trazer conteúdo interessante e de qualidade.

Beijos e até mais.