segunda-feira, 1 de junho de 2009

A arte de Vik Muniz

Adorei a exposição Vik, que está montada no Museu de Arte de São Paulo (Masp), com 131 fotografias do artista Vik Muniz. Depois de ter passado por Canadá, Estados Unidos, México e Rio de Janeiro, a mostra chega à cidade com criações de Vik feitas desde 1988 até os dias atuais. Em São Paulo, a exposição – a maior já dedicada a ele – dura até 12 de julho.

Muniz trabalha com material pouco convencional: poeira, lixo, açúcar, caviar, papel de revista, diamante... Uma de suas obras mais famosas – e que compõe a mostra – é a reprodução de Mona Lisa (foto1) feita de geleia e pasta de amendoim! Sua técnica consiste em montar seu desenho e, em seguida, fotografá-lo.

Num primeiro momento, pode-se pensar que sua arte não passa de uma ação lúdica que remete aos tempos de criança, quando brincávamos com a comida. Mas as obras deste brasileiro radicado em Nova York vão muito além. Vik Muniz impressiona. Seja pela criatividade de usar recursos tão variados seja pela tendência megalômana cada vez mais presente em suas peças, como em seus geoglifos. Ouvi muitas pessoas, ao meu redor, murmurarem expressões como “Meu Deus!”, “Caramba!”, “Esse cara é muito foda!!”.

As séries Crianças de Açúcar (foto2) e Imagens de Lixo (foto3) foram as que mais me agradaram. A primeira foi montada com imagens de filhos de operários que trabalham em plantações de cana em St. Kitts. Vik desenhou cada criança com açúcar sobre papel preto, e depois fotografou. Suas feições são alegres e cheias de esperança. São doces. A segunda deixa qualquer um de queixo caído pela magnitude da obra e pela precisão da montagem. A série é feita de desenhos gigantes de pessoas que trabalham em um lixão no Rio de Janeiro. O material usado foram os próprios detritos e entulhos que eles catavam.

A impressão que fica é que Vik Muniz não tem limites, tampouco sua criatividade.

Foto1: Mona Lisa dupla (manteiga de amendoim e geleia) (A partir de Warhol), 1999




Foto2: Crianças de Açúcar, 1996




Foto3: Atlas (Carlão) (Imagens de lixo), 2008

2 comentários:

Elisiane disse...

Olha, prima... tô começando a achar que vai dar caldo (e não é de garapa!) essa sua temporada paulistana. Gostei muito do post do Vik. Adoro ler comentários pós-filmes, pós-shows, pós-experimentação. Acho que o bom jornalista consegue me levar de volta para lá. Para o momento sublime da experiência. Para a sensação única da música percorrendo cada esquina de minhas entranhas e me permitindo a libertação dessa realidadezinha medíocre que nos aprisiona. Eu acho que a arte tem essa capacidade. A de nos atingir. Sempre. De um jeito ou de outro. Alguns mais, outros também. De longe e de próximo. O Vik consegue isso. Nos atingir os sentidos de longe e de perto. Parabéns pelo texto. Bom também e adiante! Sou sua leitora. Assídua.

Leandra Lima disse...

É isso mesmo, prima. A arte, em todas as suas variantes, tem vários objetivos, e um deles é criar um canal de escapismo para as formas de domínio estabelecidas. O que temos de fazer é consumir mais e mais músicas, peças de teatro, cinemas, galerias... porque a luta contra as formas de alienação é muito desigual.

Obrigada pelo elogio! =D

Beijos pra sua família toda.